A Educação Permanente é um conceito que emergiu com grande visibilidade em 1972, quando foi publicado o Relatório Edgar Faure, “Aprender a Ser”, sob os auspícios da UNESCO. Trata-se, no entanto, de uma herança filosófica e pedagógica legada por inúmeros pensadores e educadores que, ao longo de séculos têm defendido a “incompletude” de todos os seres humanos e, simultaneamente, têm advogado a sua “perfectibilidade” ao longo da vida. É possível, de facto, encontrar-se uma linha de continuidade nos valores e princípios que nos são propostos por Sócrates, Comenius, Espinoza, Condorcet, Grundtvig ou Paulo Freire, entre outros, que partilharam a convicção de que qualquer pessoa nasce imperfeita mas é rica de capacidades, cuja concretização lhe permitirá crescer permanentemente como pessoa. Um tal desenvolvimento positivo não é, todavia, automático, podendo até sofrer graves regressões. A condição necessária para que se dê esse crescimento interior é que a sociedade garanta – em todos os seus quadrantes e em todas as etapas da vida - um conjunto de estímulos e de contributos favoráveis, isto é, que se construam sempre “situações educadoras”, sob as suas mais variadas formas.
Em Portugal, poucos anos depois da libertação operada pelo 25 de Abril, algumas dezenas de cidadãos e cidadãs decidiram reunir-se sob a insígnia da Educação Permanente, para que este conceito e as práticas que ele inspira orientassem o nosso país em direcção a uma sociedade mais informada, mais conhecedora, mais solidária, mais criativa e participativa. |